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31 de jan. de 2011

Amor do laço partido

Caí da ponta de meu laço
Laço esse já tão despontado
Desapontado
Despedaçado

Laço que já caía
Com a minha montaria
E já esgotava minha poesia

Quebrei meu laço
Que, mesmo fraco, me prendia
Ao tronco do meu coração
Ao princípio do meu real tesão
Ao que aprendi de mim mesmo
Ao que eu quis ter eternamente

Hoje quero a tesoura que me livrou
Tesoura firme, encantadora
Que me salvou da entrega contrária
Da minha represália
Do meu submundo
Do escuro mais profundo

Te amo porque me abriu
Me comeu sem me tocar
Me teve sem nem saber
Me quis sem me julgar

Te amo pois me mostrou seu renascer
Pois amou o meu estranho
E me deu o seu querer
Reativando o meu sonho

Por ser quem você é
Simplesmente te amo

20 de jan. de 2011

Poema do triste amor

Quando o barulinho bom da música que eu não escuto toca...
São essas algumas das horas em que a falta se faz.
E presente ou não, ela sempre existe.
Na forma de uma imagem distorcida do que eu nunca vi de fato,
Ou da força despretensiosa que eu, felizmente, agora tenho.

Escrevo esse poema de longos versos,
E de sentimentos incompletos,
Com a certeza de que você um dia o lerá, e irá completar cada um desses sentimentos, como desejo.
E por mais que eu possa dizer tudo em prosa ou carta,
Os poemas não são feitos para se encaixarem perfeitamente nos versos de amor?
Isso já nem importa.
Pois eu te buscaria agora como a água que me falta para viver,
Ou até como o ar que você sufocou com sua ausência silenciosa.
E se quer saber de uma coisa importante nesse poema: A minha tristeza;
Gerada pela preocupação, saudade, angústia, sede, curiosidade.
Ela é triste como eu nunca havia sentido.
Mas se quiser saber ainda mais, isso não é o mais importante;
Não enquanto existir meu amor.

E ele existirá até que você diga para ele não existir,
Mesmo que isso dure uma eternidade incompleta (ou não), como ocorreu anteriormente.
O que quero dizer, na verdade, é que não importa o que aconteça,
Eu estarei aqui, disposto e intenso, dentro das minhas limitações.

Não pretendo exigir o mesmo de você,
Nunca quis ser um peso pra você, tenho horror de pensar nisso.
Mas dê-me ao menos uma certeza para agarrar.

Pelo sim ou pelo não... Eu, felizmente, ainda te amo.

16 de jan. de 2011

"A barata diz que tem[...]"

Inacreditável era a forma que as formigas arrastavam a barata morta anteriormente, naquela noite, e naquele mesmo corredor; como se buscassem um coforto para uma aflição, justamente igual fizera o menino algumas horas antes:

Morta com todo o sangue frio que alguém poderia acumular dentro de si, a coitada da barata foi trazida acidentalmente pela mala que estava no chão da garagem até a sala, e só por dizer que tinha mil dores e chorar desesperadamente(coisas que ela não fez realmente, só na mente doentia do assassino) como todos sempre fizeram com o menino que a ouvia, ele a perseguiu e a matou com apenas uma pisada, mas com toda a mágoa não-extravasada de um dia inteiro escutando coisas que ele não queria ouvir.

Esse foi o triste fim da barata contado pela reportagem que se passava na cabeça do menino, e, para ele, ver as formigas levando seu problema embora como fim dessa reportagem já era um conforto enorme, mesmo não sendo a coisa ideal, pois com isso ao menos o garoto via sua tristeza se dissolver e cair de paraquedas na fossa de seu coração novamente, como sempre tinha acontecido. Mas Tudo o que ele gostaria de fazer era extravasar esse sentimento.

Porque, ora, imaginem vocês no lugar dele! Com certeza seriam a barata que chorava, ou reclamava da vida, ou simplesmente pedia ajuda; mas dessa vez as baratas que fazem isso de verdade! A barata seria vocês e vocês seriam a barata, tudo verdadeiramente. Ao menos a barata morta pelos meninos que não são a barata é vocês de maneira ficcional.

Essa interação estabelecida é uma forma de invasão para ele, pois nesse moço ainda sobra um extremo cansaço de viver por ter que escutar sem se sentir livre pra ser escutado, porque se expor não é a mesma coisa que ser sentido, escutado, querido, amado, confortado; é isso que todos esperam depois de um desabafo. Mas ele não tem a coragem de fazer isso sempre, e assim é obrigado a se contentar com a pequena satisfação que sente em se expor. E, mesmo assim, as baratas continuam dizendo que tem dores, e lamentam, e cobram quando não são confortadas, e se acham no direito de reclamar até umas com as outras quando não são atendidas da maneira esperada, sem nem ao menos pensar se o ser humano do outro lado também pensa, sofre, e se cala por sufocamento; talvez só o comparem com seres tão inúteis quanto baratas.

E aí vai a resposta, baratas ingratas! Desabafei. Me olhem, mas dessa vez me enxerguem! ;**.

P.S.: Ainda bem que existem algumas pessoas que não são baratas.

7 de jan. de 2011

"Amigo é casa"

Estou construindo uma casa, com todo orgulho e paixão que a saudade de ter uma casa me traz. Mas não pense você que monta-la é uma tarefa livre de obstáculos, pois pretendo mantê-la escondida em um lugar que só eu e meus convidados possamos achar, e isso, interlocutor, ultrapassa os limites de todas as dificuldades. Contudo, sei hoje que viver não é uma tarefa tão simples. Na verdade é uma tarefa que requer muito de cada um de nós.


Por essas razões não hesitarei em me esforçar: quero construir primeiro sua base, depois colocar cada tijolo nos lugares corretos e encaixa-los  com o melhor dos materiais que eu conseguir buscar em mim, para chegar à época dos acabamentos com o melhor dos resultados de solidez e complexidade. Porém, uma casa não dá trabalho só em época de construção; sua manutenção também é fundamental. E é nessa época que eu me dedicarei mais a minha casa do que a mim mesmo, porque, depois de um tempo, a nossa casa pode representar mais a nós mesmos que nós mesmos.


É na minha casa que desabafarei todas as minhas dores e lamentações, compartilharei minhas alegrias e felicidades, buscarei novas sensações e fantasias, desenvolverei habilidades múltiplas de exercer diversas funções. E todas essas experiências, interlocutor, serão compartilhadas com você, que será minha visita convidada eternamente, para vir e ajudar a enfeitar minha casa, ou não.


Portanto, acho que posso chamar-te de amigo. E não só a você. Chamarei de amigo também a minha própria casa, que nomeio de "Arthospicionauta". Espero que no futuro a minha casa possa servir de conforto para mim, você, e quem mais precisar de um aconchego. Agora, oficialmente, as portas estão abertas. Entre, mas não ligue para eventuais bagunças.