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26 de jun. de 2012

Meu pior....

Poesia de rancor manifestado, de tristeza aguda repensada, de coisas que já nem me lembro o que são, mas não tenho coragem de apagar sua humilde intenção. Preferi nela um tom mais áspero do que as palavras passadas, ela é muito mais que um lamento, é um grito.

-Me socorra! Larga de ser frouxo! - eu disse.

E você, como muitas vezes fiz com outros por ti, não me deu resposta alguma...

Entrega mútua?!



Passado que vem como repente,
Que decido não ter mais, daqui pra frente.
Todo o ouro enfim, nunca existiu
Se um nó sobra em nosso fio

O pior é passar, outra vez sozinho, pela tormenta de te querer
E mesmo que eu recorra a alguém, nada me basta além de você
Quero seu tudo, mudado, em vãs gestos, sacralizados
por mim, mas também por mim, sacrificados

Me dê uma certeza de que essa tormenta não venha me atormentar no futuro
Quero o meu passado no presente, mas quero estar nesse presente sem medo e seguro
Mas os sacrifícios parecem ser só meus, e meus eles serão se eu continuar a querer ser teu?
Tudo o que vivi até hoje me ensinou, que tudo nessa vida possui um pouco de rancor

Não acredite em minhas palavras bonitas
Que simplesmente só vês e nelas acreditas
É preciso perceber que para ser feliz não basta apenas o conforto
Felicidade vem de intensidade, de amor, por mais que em você ele pareça morto

Porque amor é entrega, é sangue derramado
É o que se quer unido ao que é doado
Se me "ensinou" a viver bem como sou
Espero que me escute para que mudes a imagem da pessoa que você se mostrou

5 de jun. de 2012

Ausência

"Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os seus olhos que são doces
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida
E sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado.
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nessa terra amaldiçoada
Que ficou sobre minha carne como nódoa do passado.
Eu deixarei... Tu irás e encostarás a tua face em outra face.
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada.
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite.
Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa.
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço.
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos pontos silenciosos.
Mas eu te possuirei como ninguém porque poderei partir.
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas.
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada."

Vinícius de Moraes B)