Pesquisa:

18 de jun. de 2011

Originalidade.

Foi o que me faltou no último título. Mas como ser original diante de um órgão(a mão é um órgão de fato?) tão perfeito? Diante dele(delas) só me resta a falta de originalidade.

Mãos




Mãos que mataram meu amor
Mãos que me livraram da dor
Mãos que se fazem concretas ao sentimentos
Mãos que se fazem secretas nos meus pensamentos

Tato, olfato, visão, audição e paladar
Cinco dedos de extremo sentir
Mãos que resumem tudo o que há
E resumimos com elas nosso jovem amar

Com mãos sistêmicas assombro
O que é normal em mim que escondo
Quero sempre tê-lo bem aqui, ao meu lado
Pois por ti já sou um completo revelado

Me estenderia aqui a escrever
Se pelas suas mãos eu não estivesse a correr
Espero que saibas: Tu és tudo!
E espero que suas mãos reflitam nosso futuro

Saiba que só por tuas mãos
Meu querer já é absurdo

14 de jun. de 2011

Cartas?(.)

Mais uma moda eu lanço agora
Moda essa antiga, arquivada
De um passado que não marcou
Mas gerou belas palavras

E de vez em quando gosto de escrever para alguem
Diretamente
Nitidamente
Claramente

Pois então eis uma nova nota poética
Falando de uma nova vontade
Que agora se fará concreta

Primeira

Amor,

Quando te vi pela primeira vez foi fantástico: olhei fixamente nos seus olhos por questão de segundos, depois desviei o olhar por medo, e, ao fazer isso, eu vi a pessoa do seu lado, que me pareceu muito mais interessante que você. Essa cena seria cômica se agora eu não estivesse em um estado lamentável de saudades da pele que eu toquei tão pouco, que por acaso é a sua. Como a vida dá voltas e nos engana, não? Eu queria nesse momento não ser tão enganável, mas, quem não é assim? Seria uma ilusão enorme achar que a vida não me enganaria, assim como é uma ilusão, e maior ainda, achar que você pode vir a ser a pessoa que vai ficar do meu lado eternamente. Porque, olha bem, você não acredita em namoros e nem muito menos em amor da maneira que eu acredito! E, coincidentemente ou não, são as coisas que eu mais sonho pra mim na eternidade!

E sim, eu me iludo, e com vontade, com desejo, com prazer, com felicidade, com sede, com verdade, e no futuro, quando eu ver isso tudo ir embora, o que eu vou fazer? Porque se é uma ilusão, ela não se concretizará, e eu chorarei mil lágrimas e mágoas de mim mesmo e de você, sendo que você não teve culpa alguma da ilusão que eu estou criando para mim agora... Que na verdade já criei. Isso tudo é muito injusto! Eu prevejo nosso futuro como uma coisa muito clara, fácil de ser antecipada: eu ficarei triste por muito tempo, e você seguirá sua vida. E isso também seria injusto se não houvesse o porém de eu mesmo estar criando essa situação, então a tristeza seria feita por minha culpa, e eu teria de arcar com essa responsabilidade. Sabe de uma coisa? Eu deveria interromper tudo agora, antes que seja tarde, mas, e se agora já for tarde?

Esses são medos (in)comuns, de uma pessoa que vive em um mundo eterno e interno de sentimentos múltiplos. Agora por exemplo, eu sinto raiva, amor, medo, rancor, decepção, saudades, e, metade desses sentimentos não deveriam existir, pois eu não tenho direito de fazer com que eles existam já que eu não posso cobrá-los de você, e não suporto guardá-los em mim. Eu deveria é estar conformado, porque nós não assumimos nenhum contrato social, já que você foi justo o suficiente de dizer quem você é, e eu deveria saber com quem eu estou lidando; e eu sei. Mas saber é abstrato demais, no plano concreto da experiência você é uma pessoa, eu sou outra, e eu não consigo ceder ao impulso de só aceitar quem você é sem abrir minha boca. Dentro de mim existe um impulso maior de querer me mostrar, assim como me mostrei desde o início, me abri e conversei. Se você foi forte por me deixar saber quem você era, eu também fui, pois você sabe quem eu sou. Porque eu deixei que você vasculhasse minha alma e minha vida em apenas duas semanas, e é por conta disso que já é tarde demais pra tomar qualquer atitude; eu me naufraguei na minha futura tristeza através da minha própria coragem.

Mas chega de falar do mal que você fez com que eu me trouxesse, porque mais do que mergulhar na tristeza, eu mergulhei também no amor que você foi capaz de despertar em mim. E se eu escolhi uma carta pra te escrever, é porque eu tinha muito o que falar, incluindo as coisas boas, e eu espero que nessa carta fique claro que elas são mais intensas que as citadas anteriormente. Você me trouxe de volta o amor auto-suficiente mais dependente que eu conheço, que vem de mim, mas depende de outra pessoa, e é bom saber que essa pessoa é você. Você vem me dando nessas semanas o ar que me faltava durante mais de um ano que fiquei as margens da minha carência, e, mesmo que seja uma ilusão,  ainda consigo me sentir amado; não da forma que você pensa o amor, mas da forma que eu penso o amor. Assim me sinto seguro de que você me amparará, mesmo que nosso amor não vingue, como você prometeu. E é por isso que tomei a liberdade e tive a ousadia de te escrever essa carta, e terei a ousadia de continuar contigo e lutar por nós, nos momentos reais e/ou ilusórios. E, apesar de você não acreditar totalmente, eu te amo.

2 de jun. de 2011

Tartarugas.

As tartarugas demoraram pra completar o circuito, mas alcançaram o objetivo. Pra quem não tá entendendo, me refiro ao meus textos prometidos(texto histórico e soneto). Finalmente tivemos um vencedor da lenta corrida. Como eu revelei na nota anterior, o texto histórico ganhou a competição. Mas o soneto não ficou tão pra trás. Ele só precisa de mais 2 versos para ser finalizado.

E é só isso por hoje. =p

Finalmente!.

Voltei com as notas por esta nota para avisar que o texto histórico já foi postado. o/

FINALMENTE!

Eu, simplificado

O mais bonito do mais simples
Talvez seja o médio
Para que seja uma construção,
Não preciso ser um prédio.

Para costurar o meu botão,
Basta uma pequena agulha.
Para ser fonte de superação,
Sou mais que uma procura.
Me supero em ser são,
Viva a nota miúda(?).

O ritmo que dou ao poema,
mostra mais do que vê nas estrelinhas.
As suas eu já enxerguei,
por mais que sejam piquititinhas.

Compreenda meu amor,
E o terás sem esforço de tê-lo.
Não me cobre esplendor,
Quando é pior do que o simples a facilidade de vê-lo.


Leia minha poesia,
Seja tua euforia,
Brinque no seu futurama,
Mas eu, in(felizmente), estarei para sempre na minha possível lama.
Meu hoje me chama!
E felizmente,
Agora sem parenteses sarcásticos,
Você sempre terá aqui alguém que te ama.

"Quem me dera ao menos uma vez que o mais simples fosse visto como o mais importante[...]"

Coletei os dados de uma sociedade totalmente enterrada nas crostas arquitetadas por uma instituição. Como uma instituição teve tamanho poder sobre seres que são capazes de pensar? Isso eu não consegui coletar. Eu era um mero objeto da situação geral em que a história será narrada, mas tenham certeza que dentro de meu coração e mente, apesar de todos os medos e dificuldades, eu conseguia ser o sujeito composto mais belo e rico já existente; apesar da contradição.


Eu sou o Michael, mas podem me chamar de Frank. Em que aspecto Frank se parece com Michael? Também não sei dizer. Escolhi Frank aleatoriamente porque Michael é um nome muito comum, eu conheço vários no meu próprio reino com esse nome, mas nele não existe nenhum Frank. Frank é um nome que me faz sentir único, e em meio a confusão que acontece na minha vida eu preciso muito ser único.

A história começa nas terras do Rei da Inglaterra. Um feudo magnífico, impressionantemente belo. O Rei Henrique XXIV governava todos os seus campos, florestas, servos, e castelo com o suporte de muitos nobres, provenientes de seus vários acordos de suserania e vassalagem. Seu poder dentro de suas terras era indiscutível e indissolúvel, e, por isso, todos tinham muito apreço por Henrique; mas também um grande temor. Henrique era um homem de opinião, mas totalmente fútil e vazio. Se encantava com festas e especiarias caríssimas, que esgotavam cada vez mais a grande fortuna que cabia a família real, e, consequentemente, a todos os nobres abrigados no castelo do rei. O povo que vivia naquele reino, inclusive eu, que era um nobre devedor de favores ao meu rei suserano, usufruíamos de toda aquela fartura. Porém, todo o luxo proporcionado pela ostentação de Henrique se fazia desnecessário para todos nós que vivíamos dentro de um feudo que passava por uma falência gradual, e entrávamos em uma crise que afligia toda a Europa. O brilho que Henrique dizia nascer com, ofuscava todos nós.

Minha vida, e a de muitos os que viviam dentro do feudo de Henrique, estava de cabeça para baixo. Henrique não dava a seus moradores suas necessidades psicológicas básicas. Em um reino em processo de deterioração, se o necessário era muito cuidado e zelo, o nosso Rei fazia questão, incoscientemente, de fazer exatamente o oposto, deixando todos sem uma direção para seguir. O suporte que Henrique dava, em estimativas, representava 75% do total que todos nós precisávamos, e isso era feito através de discursos não declarados que chegavam aos ouvidos de todos os servos e enganavam todos eles. Mas nós nobres, que víamos de perto o grande buraco que o nosso Rei cavava para enterrar todo o reino, não nos contentávamos com seus discursos. Para nós, os 25% que Henrique deixava de dar representava uma coisa quase que integral. O medo, a dor, a angústia, a falta, o vazio e a instabilidade se faziam presentes em meus dias, cada vez mais fortemente.


Amo o amor que tenho em mãos, e, por isso, ele se faz cada vez maior. Fala-se muito de Deus por aqui, e da vontade que ele tem. Mas quem conhece Deus de verdade se não os que amam? Mais do que um eterno amante, no bom sentido da palavra, eu sou a prova de que o mundo pode ser o que quiser, desde que seja feito de amor. Os erros que se mostram em cada canto da minha existência tornam-se só pequenas barreiras que NÃO me impedirão. O amor, em uma época em que todos os poderes se encontram em crise, é o único meio de salvação de todos nós. Ele se torna uma revolução quando não dá-se ouvidos a estereótipos, e assim, se torna cada vez mais forte. O gesto de amar unido a forças revolucionárias é maior do que qualquer poder institucional fracassado, que a um bom tempo já perdeu o grande domínio que possuía sobre as ordens divinas. E que o amor se faça, daqui pra frente, o meu único e eterno Deus.


E foi naquele ambiente que um dia eu me deparei com Alan,  um menino acanhado e com um brilho estranho nos olhos. Logo que o vi senti um estranho encantamento, como se ele fosse estar eternamente presente em minha vida. Tudo isso era muito novo, e contra os preceitos da Igreja católica. Na última missa eu havia ouvido que um varão não deveria se encantar por um outro varão, isso era um pecado condenável na Igreja, que representava Deus na antiga Inglaterra. Mas como negar o significado de um nome tão perfeito? Gracioso e amável, o tímido Alan fazia jus ao significado atribuído ao seu nome pelos considerados bruxos na Igreja. Alan tinha apenas catorze anos, enquanto eu tinha vinte sete. Mas isso não representava algo ruim, se considerarmos que o Rei havia se casado com uma mulher 21 anos mais nova. A verdade sobre o que nos impedia se baseava primordialmente na igualdade entre nossos objetos sexuais, e na condição social dos dois: Alan era um camponês, e eu, um nobre.

Não sei bem o que me movia naquele momento, poderia ser o desejo de revolução ou o início de uma paixão, mas eu busquei Alan, de maneira implacável. O mandava presentes e cartas, deixando-o cada vez mais confuso sobre suas opções. Eu não sabia, mas ali eu cavava o fim do resto de estabilidade no feudo.

Falo isso porque em 1348, século XIV, tempo em que narro a minha história, a Europa inteira passava por uma crise ainda pior que a da nossa região. A crise tinha base em colapsos múltiplos que a sustentavam: o continente passava por uma estranha epidemia que todos acreditavam vir das florestas que separavam os feudos, a nobreza estava falindo por conta da falta de recursos propiciados por uma instabilidade climática que impossibilitava a cobrança de altos impostos dos servos, e, como se não bastasse, as rebeliões servis por conta do aumento de impostos se tornavam cada vez mais frequentes, fazendo com que houvesse mais guerras, resultando assim em mais mortes.

O feudo de Henrique ainda se mantinha de pé porque a peste negra ainda não havia afetado a região. Até que um dia, ao levar um mimo para o lindo Alan, percebi o primeiro caso da doença no feudo. Alan tinha a peste tão temida... Seu corpo, tão ao meu gosto, possuía saliências, como verrugas, e este tinha uma febre de 41 graus. A mãe de Alan, Shane, passava um pano quente na cabeça do filho... E chorava. A essa altura todos os sintomas da peste estavam divulgados por toda a Europa e todos morriam de medo de possuí-los.

Alan e sua família moravam perto da floresta, e, a partir do momento que comecei a observa-lo, vi que o menino gostava de admirar a beleza desta. Uma noite antes dos sintomas aparecerem, segundo Shane, Alan havia saído de casa e adentrado na floresta para perseguir um esquilo. A temida floresta da morte havia feito sua primeira vítima, de maneira tão inocente. E eu poderia ser a próxima. Mas minha fascinação por Alan era tanta que nada disso me importava.


A criação do amor não é algo que se faça do dia para a noite, ainda mais se feitas por um Deus de mãos manchadas de lama. Os sentimentos, quando impressos nos peitos de quem os sentem, não podem ser robotizados por uma linha torta e turva que se baseia em conceitos questionáveis. Eu vivia naquela sociedade: uma espécie de ditadura religiosa. Era algo invisível aos sentidos carnais, visto que desde nossas primeiras gerações estive submetido a tais práticas. Mas o hábito não fazia com que todos deixassem de sentir. Como em qualquer execução de lavagem cerebral, os maiores riscos de fracasso surgem através de sentimentos transcendentais, que são provenientes inteiramente do verdadeiro Deus. Mas dessa vez me refiro a um Deus livre de qualquer sujeira humana. O Deus que criou o amor existente em mim, e que me toma integralmente. Esse sim é o Deus que deveria sempre tomar posse das pessoas.

Como era estranho tudo o que nós sentíamos! O amor próprio foi só um detalhe que abandonamos sem um pingo de remorso. Haviam coisas tão mais importantes para que lidássemos. Deus haveria de nos recompensar, nos protegendo de qualquer coisa ruim. A morte e as doenças não eram mais temidas. Tudo se fazia claro na minha mente a partir daquele momento. A paixão revolucionária que senti no início foi concretizada em forma de amor, implacavelmente, assim que vi Alan deitado naquela cama. E pude sentir nos olhos dele, também naquele momento, que tudo era recíproco. É difícil descrever em palavras tudo o que eu sentia naquele momento.

Eu pedi licença a Shane para que eu ficasse sozinho com Alan no quarto. Eu precisava dizer a Alan ao menos metade do que ele havia me feito sentir. E isso não podia ser feito em palavras, e sim com gestos.

Deus não é o único objeto transcendental nessa história, pois a partir do momento em que me toquei de verdade, me tornei um objeto tão transcendental quanto ele. Agora, mais do que amor, o que me prende é a entrega. 'Para sempre seremos um só ser'. E esse verso  decassílabo sela como as coisas hão de ser traçadas para mim, finalmente: eternas e verdadeiras; pequenas, mas grandes o suficiente para me preencher; palpáveis, como nada poderia deixar de ser, mas com cuidado, para que eu não faça nada que não possa controlar. E de agora em diante, o amor será o maior foco nessa narrativa.


Os pais de Alan não eram importantes, eu sabia que eles tinham pouco tempo de vida, e eu e Alan também, se não revertêssemos a situação. Mas me sentia na obrigação de fazer daquele pouco tempo os melhores que o menino já havia vivido. Não importava o quanto eu teria que me doar. O mais importante para que tudo ficasse certo era que nós ficássemos juntos para sempre.

Fiquei horas, dias - lamentável que as vírgulas tenham parado por aqui- com Alan dentro do quarto sem sair por um segundo. Depois de um algum tempo nós nos servíamos de nós mesmos, nos fazendo de alimento. Os sintomas da peste, que a partir de 45 horas começaram a se manifestar em mim também, foram um pretexto para que nos aproximássemos. Alan estava cada vez mais fraco, e eu me forçava a estar também.

Naquele longo momento, mais do que nunca, eu fui feliz de verdade. Sentir a respiração de Alan acariciando minha pele era fantástico pois fazia meu amor ser transpirado. Tudo se encaixava perfeitamente, até mesmo nossos sintomas, que se faziam iguais pelo meu esforço de sermos iguais. Se eu morresse ali nos braços de Alan a vida iria ter valido a pena.

Nada precisa de uma conclusão quando os sentimentos são eternos, e nós, o verdadeiro e mascarado sujeito presente nos textos adjuntos, não teremos uma conclusão, assim como a história impregnada propositadamente na situação. Talvez as melhores conclusões sejam as inconclusivas. "Eles foram embora. Olharam pra trás. E vão estar juntos pela manhã". Este sim é um bom final para a história que tem tudo pra ser a melhor de nossas vidas.